Cultura

Sobre Deuses e Sátiros

Quinta peça do grupo de teatro

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Por Rodrigo Netto
20/10/2017 03:36
Atualizado em 20/10/2017 03:41
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Nem mesmo Zeus e a fúria que acometia os céus do Olimpo na véspera do último feriado pôde impedir os Sátiros de triunfarem em mais uma estréia. De casa cheia, o grupo fez sua primeira apresentação aberta ao público na noite de quarta-feira no Clube Piratini. A temporada de apresentações se estende até o final do ano em diversos locais, com sessões dedicadas à escolas públicas de Pedro Osório e região.

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Nem mesmo Zeus e a fúria que acometia os céus do Olimpo na véspera do último feriado pôde impedir os Sátiros de triunfarem em mais uma estréia. De casa cheia, o grupo fez sua primeira apresentação aberta ao público na noite de quarta-feira no Clube Piratini. A temporada de apresentações se estende até o final do ano em diversos locais, com sessões dedicadas à escolas públicas de Pedro Osório e região.

A quinta peça de Maria Clara Machado produzida pelos Sátiros, mostra, mais uma vez, a magia do universo da imaginação infantil. O menino Vicente, percorre o país em busca de seu Cavalinho Azul, questionando o quanto nos resignamos ao aceitar quando a vida adulta parece nos impor uma maneira de olhar para o mundo. Não se permitindo desacreditar, o garoto conhece tudo aquilo que estava além do seu mundo cotidiano junto aos seus pais, que lutavam contra uma vida de pobrezas. Circos, palhaços, cidades, adultos; quem teria tempo ou ânimo para procurar um Cavalo Azul?

Quem assiste a essa produção se pergunta mesmo quem teria tempo ou ânimo nessa nossa violenta realidade cultural para criar com tanto virtuosismo um cavalo para uma peça de teatro. Um não. Seis! Por trás de toda a magia derramada em cena, está a produção de quase um ano de trabalho. Cenários, acessórios, figurinos, preparação dos atores… uma vasta equipe, perfeitamente qualificada em seus fazeres, e que, principalmente, acredita no poder transformador da arte; todos orquestrados pela diretora do grupo, Auta Inês Medeiros Lucas d’Oliveira.

Um marceneiro é amigo, o serralheiro é ex-aluno, a secretária de cultura é ex-professora, a figurinista é quase irmã…”Vou deixar essa cabeça de cavalo secando, enquanto dou mais uma mão de tinta na casinha! A gurizada do teatro vem pra cá me ajudar a pintar!”. Uma aula de arte sobre as cores primárias depois, estão todos de pincel na mão; “As pinceladas têm que ser todas na mesma direção! Se tivesse sido minha aluna tu saberias…”. As histórias de vida se misturam à história do grupo Sátiros. Um dia junto a intensa jornada de trabalho de Auta Inês e se tem a oportunidade de conhecer boa parte da população de Pedro Osório, muitas crianças, e algumas histórias pitorescas…

Apenas metade humano, é o que dizem ser um sátiro na mitologia grega. Devo discordar redondamente da definição, se aplicada a esses pequenos em ação. Através da arte, eles se tornam gigantes e transbordam humanidade; cada um do seu jeito, sob maravilhosa e perspicaz direção, dando vida a esses personagens cuidadosamente criados por Maria Clara Machado. Que raridade poder ter, em uma escola pública, um organismo tão vivo. Desde as entranhas do Colégio Estadual Getúlio Vargas, brilham estes diamantes ainda em lapidação. Qual mais linda maneira de aprender a se colocar no mundo do que através do teatro? Longa vida a este pulsante instrumento de educação extra-classe; o qual nos lembra que, antes de aprenderem a ser engenheiros, advogados ou professores, nossos filhos têm de aprender a ser humanos… ou, em alguns casos, até mesmo cavalos azuis.

 

(Texto: Especial Fernanda Miki)

(Fotos: Especial Rafael Bandeira e da Luzia Martins)