Entrevistas

Entrevista com Paulo Pons, co-proprietário da PaxFilmes

Por Alexandre de Oliveira
05/12/2007 15:55
Atualizado em 19/09/2017 14:41
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Em janeiro próximo, a equipe da PaxFilmes virá a Pedro Osório filmar seu longa-metragem "Vingança".

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Em janeiro próximo, a equipe da PaxFilmes virá a Pedro Osório filmar seu longa-metragem "Vingança".

O filme, que conta a história de um pedrosoriense que vai para o Rio de Janeiro em busca de vingança, já tem vários atores de renome no elenco, como Branca Messina, Erom Cordeiro, Bárbara Borges e Márcio Kieling.

A previsão é de que a equipe chegue na cidade no início de janeiro.

Entrevista

Nós tivemos o prazer de conversar o diretor e roteirista do filme, Paulo Pons, e saber mais detalhes sobre o filme. Em entrevista por email, ele nos disse que será fantástico filmar o longa na terra onde cresceu.

Antes de mais nada, o pedroosorio.net agredece a atenciosidade do Paulo, que foi gentil em responder todas as nossas perguntas e se mostrou muito simpático.

pedroosorio.net – Em que ano você saiu de Pedro Osório e qual foi a principal razão? Como foi que você se tornou roteirista/diretor/produtor? Quais foram suas outras experiências profissionais?

Paulo Pons - A primeira vez que saí de Pedro Osório e vim para o Rio foi em 95. Eu tinha 20 anos e já havia começado minha carreira de ator, em Porto Alegre, onde morei por três anos. No Rio, fiquei de janeiro a maio, quando voltei para um fim de semana e acabei ficando. Minha ligação com Pedro Osório, com a família, principalmente, e também com os amigos sempre foi muito valiosa pra mim, e mesmo que eu tivesse um sonho e acreditasse nele, era difícil me separar das pessoas importantes da minha vida.

Assim, deixei minhas coisas no Rio e vim para esse fim de semana no Sul. Reencontrei a família e os amigos. Acabei refazendo minha carreira de publicidade, e logo ingressei no jornalismo. Eu havia começado a trabalhar com 16 anos numa agência de publicidade, em Pelotas, escrevendo e dirigindo comerciais muito cedo. Aos 23, entrei para o jornalismo. Eu gostava mesmo era do audiovisual, não importando se em propaganda, na imprensa ou na ficção. Fui apresentador do Pampa Meio Dia em Pelotas até 98, e então me mudei para o Rio novamente.

A verdade é que, infelizmente, não há possibilidade de carreira de ficção longe do eixo Rio-São Paulo, então o negócio era voltar e tentar de novo. Acabei, por acaso, indo para Brasília trabalhar com política, e só em 2002 me mudei definitivamente para o Rio. Em 2004 resolvi fazer meu próprio filme, escrevi roteiro, montei equipe, consegui equipamento e filmei. Se chamava O DONO DO JOGO. Nunca foi exibido, mas me fez conseguir mais dinheiro, e daí conheci o José Wilker e ele quis ser meu sócio no projeto que criei junto com um amigo e agora sócio, o Alceu Passos, de Rio Grande e que mora agora em São Paulo. Nosso projeto se chama Programa Pax para o Cinema Independente de Baixo Orçamento. Faremos 4 filmes longas-metragens até o meio do ano que vem.

po.net – Como você se sente sabendo que vai gravar parte de um longa-metragem em sua cidade natal? Como você está antecipando isto?

É curioso e ao mesmo tempo fantástico. Logo no primeiro filme do projeto, VINGANÇA, vou levar a equipe e os atores para filmar na minha cidade. Sempre soube que um dia iria fazer isso, mas jamais imaginei que fosse no primeiro filme. Acho que insisti para que isso acontecesse porque quero que os meus pais, o Darlan e a Ruth Pons, participem logo do meu trabalho, vejam de perto o que eu faço, e também os meus amigos. É uma forma de mostrar que eu me importo com eles. Realizar um sonho para mim é tao importante quanto orgulhar meus pais, meus irmãos e meus amigos. Enfim, o roteiro também é meu, e quando o escrevi, ambientei o começo do filme no arroio, ali perto da ponte de carros, e a possibilidade de poder realmente filmar no lugar que imaginei para a cena é maravilhosa.

po.net – Quais seus trabalhos anteriores e experiência no setor cinematográfico? Já trabalhou como ator/diretor em peças teatrais? (Fale um pouco sobre a principal obra e um pouco de sua história no cinema)

Paulo Pons - Minha experiência com o cinema eu mesmo fiz. Não fiquei esperando que me chamassem para dirigir um filme, para escrever um roteiro: eu sabia que isso jamais aconteceria. Cinema é coisa para poucos privilegiados, para ricos e para pessoas influentes. Não sou rico, não sou influente, mas sempre acreditei que tinha capacidade para fazer um bom filme. Muita gente riu de mim lá no começo, mas hoje, quando o meu projeto sai na Vogue, por exemplo, eu posso dizer: eu sempre soube que era possível.

Como eu disse, fiz teatro em Porto Alegre e também atuei em uma peça no Rio. Fiz dezenas de cursos de teatro, e isso me deu base para ser um bom diretor de atores. Quando a Bárbara Borges ou o Erom Cordeiro me dizem que o trabalho comigo é dos melhores que eles já fizeram, eu respondo que é porque eu sou ator antes de ser diretor. Eu sei do que eles precisam para se sentir bem com seus personagens, e como diretor, podendo vê-los de fora, é relativamente natural que a gente chegue junto a um bom resultado, a uma performance emocionante.

po.net – Falando sobre o filme: quando serão as filmagens em Pedro Osório? Que atores virão à cidade para o trabalho? Quanto tempo permanecerão?

Paulo Pons - Estamos preparando nossa viagem para o dia 7 de janeiro. No dia 8, faremos uma entrevista no Jornal do Almoço, e depois iremos direto para Pedro Osório. Quero filmar na cidade, no centro e nos bairros, na quarta-feira, dia 9, de manhã. No arroio, devemos filmar na quinta-feira, ao amanhecer, e se possível, se eu conseguir ajuda da sociedade e da administração, faremos um baile no CTG Fogo de Chão e filmaremo lá, pois os personagens da Bárbara e do Erom são gaúchos tradicionais e dançam em bailes de CTG. Sou muito amigo do Chola, nosso querido doutor-prefeito, e hoje mesmo vou telefonar para ele para avisar da nossa viagem. Sei que ele vai adorar a notícia.

pedroosorio.net - O que você espera que aconteça no Brasil com a PaxFilmes? Um ânimo novo no setor cinematográfico?

Paulo Pons - Para nosso orgulho, a Pax Filmes, nossa produtora, já está sendo vista aqui no Rio e em São Paulo como uma nova linha de cinema para o Brasil, um novo meio, original e moderno, de se fazer filmes. Isto é verdade, queremos mesmo criar um novo meio cinematográfico, que possibilite a pessoas como nós, que não são ricas, que vieram do interior ou que apenas queiram muito fazer cinema mas não tenham amigos importantes possam filmar. É uma forma de democratizar o cinema e também de de oportunizar novas e melhores produções. Tenho certeza que graças à Pax novos e bons cineastas vão surgir. Queremos ser os primeiros, mas queremos mais ainda que muitos outros venham logo depois da gente.

pedroosorio.net – Este espaço agora é seu para palavras finais e agradecimentos.

Paulo Pons - Meus agradecimentos sempre foram e sempre irão a Deus, que é um pai maravilhoso, embora tão enigmático, às vezes; e aos meus outros pais, tão maravilhosos que não chagariam palavras para descrevê-los. Eu desde pequeno sempre me senti privilegiado, porque sabia que não era pouca sorte, pelo contrário, era muita sorte nascer e de cara ganhar um pai e uma mãe como eles. A relação deles com a gente, eu e meus irmãos, sempre foi o meu norte, meu exemplo, e se tem alguma coisa que às vezes me faz lamentar o que faço hoje, meu trabalho, é que isto me custa a proximidade física deles. Mas tanto meu pai como minha mãe sempre foram meus principais incentivadores, e nunca me deixam esquecer que o mais importante é o nosso amor (que fica para sempre), e não a localização geográfica de quem se ama (que é sempre temporária).

Meu obrigado final a você, Alexandre, ao seu portal e à amada Pedro Osório. Vai ser um prazer encontrar vocês logo mais.